Correio Central
Voltar Notícia publicada em 20/11/2018

Morte de peixes no Rio São Miguel foi por causas naturais, aponta ICMBio

peixes não foram mortos por causa de agrotóxico ou outra ação humana, segundo pesquisadores que atuam na área.

Semana passada circulou uma notícia nos meios de comunicação do Estado sugerindo que peixes estavam morrendo no rio São Miguel por causa de agrotóxicos ou outros produtos contaminantes jogados no rio por fazendeiros, o conteúdo sem base cientifica causou preocupação e gerou um desconforto para a população ribeirinha o aos empreendedores do setor do turismo na Região do Vale do Guaporé.

Nenhum órgão ambiental ou organização voltada para o meio ambiente foi consultado antes de as publicações serem lançadas nas deres sociais.

Sabendo da gravidade do problema, a reportagem do site Correio Central entrou em contato com o ICMBio, órgão gestor da Reserva Biológica do Guaporé, e também responsável pela preservação de um grande trecho do rio São Miguel, que é o rio limite da Unidade de Conservação.

Em conversa com a servidora Lidiane França da Silva, Analista Ambiental e bióloga chefe da Reserva Biológica do Guaporé, ela informou que o ICMBio possui uma base no distrito de Porto Murtinho, que acompanhou o processo de morte dos peixes desde o início, e que havia um servidor na base quando o episódio começou.

A bióloga esclareceu que todos os indícios apontavam que o motivo da morte dos peixes não era agrotóxico ou outro fator contaminante da água, e sim causa natural.

“Por causa das características das mortes e em conversa com especialistas da área, já sabíamos que se tratava de um processo natural chamado “dequada”, mas para embasar nossa teoria e ter uma resposta oficial, fizemos coletas de amostras de água em vários pontos do Rio São Miguel para análise”, pontou a bióloga.

“A análise das amostras de água foram realizadas com muito profissionalismo e prontidão pelo grupo de pesquisa em Águas Superficiais e Subterrâneas da UNIR/Campus de Ji-Paraná/RO, e os resultados do laudo confirmaram que se tratava do processo natural chamado “dequada”, concluiu.

A analista ambiental esclareceu sobre esse fenômeno natural das aguas, e como ele ocorre: “A dequada “é um fenômeno natural que geralmente ocorre no início das chuvas, quando grande quantidade de matéria orgânica, folhas e galhos, é levada para dentro do rio. Quando essa matéria orgânica começa se decompor, o processo reduz a quantidade de oxigênio na água provocando a morte em massa dos peixes”.

A bióloga explicou ainda, que, a maioria das espécies de peixes precisam de 5mg de oxigênio por litro de água para o processo de respiração, e todas as amostras coletadas apontaram menos de 1 mg de oxigênio por litro, explicando assim tantas mortes de peixes no rio.

ICMBIO realizou pesquisas para identificar causa da mortandade dos peixes

Questionada se a mortandade causa algum problema aos ribeirinhos e até mesmo aos animais se alimentassem dos peixes do rio, a profissional gabaritada disse que como não se trata de envenenamento, não havia problema que pessoas ou animais se alimentassem dos peixes, desde que os peixes estivessem frescos.

Perguntada se o fenômeno pode vir a ocorrer novamente na região, ela disse que por ser natural, poderia sim voltar a acontecer nos próximos anos, mas informou que o ICMBio em parceria com a Coordenação do Mestrado Profissional em Recursos Hidrícos da UNIR/Campos de Ji-Paraná/RO já estão articulando um estudo e análise continuada da água do Rio São Miguel para o próximo ano, a fim de acompanhar a qualidade da água do rio e os níveis de oxigênio, bem como para entender melhor esse fenômeno natural que já ocorreu em vários rios do Brasil.


Fonte: www.correiocentral.com.br

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