O feriado nacional de 1º de Maio, do Dia do Trabalhador, não teve motivação para comemoração por parte dos bombeiros e policiais militares do estado de Rondônia.
Na antevéspera do feriado, quinta-feira (31/04), em Guajará-Mirim, no período da tarde, veio a notícia que o 2º Sargento BM Elisângela da Silva, 37 anos, casada, tirou a própria vida por enforcamento, dando fim a um sofrimento contido que ela não revelava em seu meio de trabalho.
Na manhã de ontem, em Vilhena, o sargento PM Paulo Cesar, que também era evangélico e pastor, foi encontrado morte em sua residência por um colega com o corpo envolto em uma poça de sangue, com um corte profundo na garganta, e ao lado do corpo havia uma faca peixeira.
A morte do sargento será investigada pela Polícia Técnico-científica (Politec) da Polícia Civil, porém no meio de convívio dos policiais militares nas corporações espalhadas pelo estado, os colegas indicam que o policial militar cometeu um “esgorjamento suicida” como é usado o termo na Medicina Legal.
Tanto de sargento BM Elisângela como do sargento PM, estavam afastados de suas funções e estavam em tratamento psicológico, com diagnóstico de depressão. A reportagem do site Correio Central apurou que no dia anterior a morte do sargento em Vilhena, após sofrer uma crise forte Paulo Cesar procurou atendimento psicológico no batalhão, e teve de ser encaminhado para um hospital para ser medicado.
Talvez por se tratarem de profissionais que lidam com uma rotina diferente de trabalho, e são preparados psicologicamente nos cursos de formação a sargento BM e o sargento PM podem não ter dado sinais de que poderiam a qualquer momento tirar a própria vida.
Embora o sargento PM tivesse se tornado pastor, sua conduta de policial militar não sofreu alteração alguma, ele sempre seguiu a hierarquia e honrou a farda enquanto esteve no exercício do seu trabalho.
A cena de violência empregada pelo PM, caso se constate o esgorjamento suicida, causou abalo em muitos policiais no estado, já exauridos psicologicamente por enfrentarem há mais de um ano as atipicidades e sofrimento alheio surgidos no trabalho devido a pandemia da covid-19 que tem ceifado muitas vidas.
Por mais que sejam preparados para lidar com situações de violência extrema e percas humanas, um bombeiro militar ou um policial militar recebem o impacto do trauma, sobretudo quando se trata de ocorrências que os envolvem em tragédias acarretadas por mortes por crimes de homicídios, em acidentes de trânsito e outras diversas situações que causam fatalidades avassaladoras.
Em meio a essa realidade, bombeiro e policial militar têm que aliar sua condição ao convívio familiar e social, outra situação que requer, harmonia, sutileza e estado de espirito elevado.
No caso da sargento BM Elisângela, segundo relatos de colegas de trabalho de Guajará-Mirim feitos em troca de informação com membros de corporações de outras regiões do estado, ela já vinha recebendo acompanhamento psicológicos prestado por profissionais da área de psicologia que atuam no dia a dia da corporação, porém não demonstrava infelicidade no seu ambiente de trabalho.
Em nota, o Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia lamentou a perca da sargento e fez saber que “a Militar ingressou na corporação em 2007, combatente, dedicada, prestativa e competente, servia atualmente no Subgrupamento de Bombeiros em Guajará-Mirim.
“Por mais que você esteja preparado, as vezes você se coloca na situação da família, ainda mais se for em caso de retirar criança morta por afogamento, ou em acidentes. É difícil”, comentou um capitão BM que já comandou subgrupamento regional e já atuou, e atua em várias áreas da corporação.
Fonte: www.correiocentral.com.br