Na noite de quarta-feira (19/05), o coronel PM José Hélio Sysneiros Pachá, que ocupa o cargo Secretário de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) no Estado de Rondônia apagou uma postagem que fez na sua página de Facebook, após outra mensagem com teor crítico contra seu posicionamento feita por outro coronel valorização salarial para os policiais militares do estado.
O titular da Sesdec além de apagar a postagem bloqueou o coronel que havia feito um comentário, e também teria bloqueado outros policiais militares que fizeram postagem de teor crítico, ou que exigia melhorias salariais para a categoria.
O assunto mais discutido nas corporações do estado é sobre os últimos acontecimentos, e a cada dia o bloco de protestantes aumenta, tornando o clima bastante nevrálgico e ventilar a possibilidade de uma paralisação da Polícia Militar nesse momento, seria completamente desfavorável para a população de Rondônia. Mas infelizmente erra possibilidade parece existir.
O coronel que ocupa o cargo secretário de Segurança Pública fez um comentário em defesa do governo ao ser questionado sobre a valorização salarial e os compromissos elencados com os policiais militares, mas após surgirem postagens críticas ele apagou a seguinte postagem:
“Toda valorização possível nesse momento está sendo feita, todos os cursos pleiteados pela corporação foram feitos proporcionando diversas promoções a cabos e sargentos, CHOA, CAS, cursos de especialização com todos os direitos honrados, diversos investimentos em equipamentos, armas, rádio comunicação, condecorações, 8% para serem assegurados para serem pagos após a vigência do decreto de calamidade pública, mais do que isso não podemos devido a Lei Complementar 173”. Obs: como a postagem do secretário, à qual a reportagem teve acesso, foi apagada, a editoria do site Correio Central optou por não a publicar e apenas copiar o seu conteúdo, a fim de preservar e em respeito à autoridade do Secretário de Estado.
Na postagem do coronel Hélio Pachá, no Facebook, o coronel PM Alexandre, de Porto Velho, ex-comandante do Bope, saiu em defesa de um policial militar do Batalhão Rondon que havia questionado o titula da Sesdec.
“O comentário do Carlos Augusto Soares Neto é muito pertinente e retrata a realidade da nossa tropa PM/BM. A tropa precisa e necessita de VALORIZAÇÃO SALARIAL. Os discursos vazios, oportunistas, politiqueiros e subservientes não nos convence mais! Ainda há tempo. A tropa merece ter a valorização. E ela somente virá em forma de melhorias salariais dignas. A indignidade nos assola e nos remete à falência institucional”.
Em postagem de outro policial militar o assunto retirado do Facebook novamente é polemizado: “Como se curso fosse um favor que eles estivessem fazendo, sendo que o curso é obrigação do Estado promover a pessoa que tem o direito, a pessoa entra numa carreira é pra ser promovida não é pra ficar toda vida num cargo. Isso é uma vergonha ele falar isso!”.
O soldo líquido atual do soldado da Polícia Militar de Rondônia é de R$ 3.237,21, o que de acordo com a tabela comparativa (atrasada) de remuneração de três associações de Pms estaduais é o 23º pior salário do Brasil. No entanto, comparando o soldo com outras bonificações que não são oferecidas aos PMs de Rondônia, o 23º lugar pode ser ainda mais abaixo na tabela de classificação salarial no país.
Na postagem apagada pelo coronel secretário, ele cita que o governo vai pagar o primeiro, da promessa de aumento em três vezes, de 8% após o fim do decreto da pandemia.
Todavia, um policial militar ouvido pela reportagem disse que a carga de trabalho e as dificuldades financeira dos policiais aumentaram de maneira absurda, e que atualmente o soldado ganha bônus de R$ 300, de gratificação emergencial. “Se a gente ganhar oito por cento de aumento, vai dar em torno de 240 reais, sessenta reais a menos do que a ajuda emergencial. O aumento que ele anuncia vai diminuir nosso vencimento, porque paramos de receber o auxílio”, posiciona-se o PM.
O quiproquó no Facebook, segundo militares, de soldado a coronel da Reserva, ouvidos pela reportagem, nunca foi tão comentado e discutido como está acontecendo. “O governo finge que não vê, mas o risco de um movimento paredista na PM de Rondônia é real”, pontuou um coronel do interior do estado, cujo nome não é revelado em razão do sigilo da fonte, ainda mais se tratando de um militar.
Os comentários postados nas redes sociais sobre a postagem que foi apagada clima um clima de tensão e de muita discussão, com opinião expressada por soldados a militares de média e alta patente. o descontentamento tem gerado vídeos e bannes cobrando valorização salarial. E mais postagens ácidas contra o governo:
“Pergunto, havia um acordo com nosso excelentíssimo governador de 3 parcelas de 8% a serem pagas aos militares estaduais. A mesma calamidade usada para dar as desculpas de não honrar o acordo feito era pra ser o inverso, honrar os compromissos assumidos com a tropa e mais ter investido pesado nas corporações. Nessa gestão já fizermos vaquinha para comprar Água mineral para tomamos durante o serviço administrativo, levar papel higiênico de casa pois não tinha no comando, há nessa semana mesmo tive que comprar água mineral e papel higiênico pra levar. Afirmo quem realmente cuida da sua casa não precisa ficar dizendo que faz, pois quem não é cego ver”.
Há várias frentes de cobranças por parte de policiais militares, algumas delas relacionadas à fragilidade na segurança no trabalho, e assuntos que não convêm torna-los públicos.
No final de 2011, em torno de 1.600 policiais militares iniciaram um motim com movimento paredista em Rondônia, na gestão Confúcio Moura (MDB). À época, o governo pediu apoio de tropas do Exército para atuar na segurança nas ruas devido à greve da Polícia Militar no estado - 1.200 homens de batalhões do Exército de Rondônia, Acre e Amazonas.
GREVE DA PM NO ESPÍRITO SANTO E NO CEARÁ GEROU MORTES, ARRASTÕES E PARALISAÇÃO GERAL
ESPÍRITO SANTO - De acordo com dados do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES), na greve da Polícia Militar de 2017, foram registradas, ao todo, 213 mortes durante a paralisação da Polícia Militar.
Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social afirmou que foram 204. Ainda segundo o Sindipol, em apenas um único dia do movimento aconteceram 43 homicídios no Estado capixaba. Na manhã do dia 4 de fevereiro, os manifestantes bloquearam a saída de viaturas e de policiais das unidades.
Os cartazes exibiam pedidos de reajuste salarial, pagamento de auxílio alimentação, periculosidade, insalubridade, adicional noturno e a valorização dos policiais. Nas ruas, ocorreram assaltos, saques, ônibus parados e os assassinatos deixaram a população do Espírito Santo em pânico por ao menos seis dias. - Com informações do site www.folhavitoria.com.br.
Ceará – De acordo com o portal do G1 CE, no mês da greve da Polícia Militar em fevereiro de 2020, foram registrados 456 homicídios – 312 deles durante a paralisação dos PMs, que durou 13 dias. Os crimes contra o patrimônio cresceram 168%.
Ainda segundo o G1/CE, o índice de assassinatos foi de 26 por dia. Antes do motim, a média de assassinatos no estado em 2020 era de 6 por dia.
A paralisação dos policiais foi encerrada na noite de 1º de março, sem que eles obtivessem anistia, a principal reivindicação da categoria para voltar às atividades.
IMAGEM - CONFLITOS GERADOS NO ESPÍRITO SANTO EM 2017, EM RAZÃO DA PARALISAÇÃO DA PM, CAUSOU O CAOS NO ESTADO CAPIXABA
Fonte: www.correiocentral.com.br