Correio Central
Voltar Notícia publicada em 16/03/2022

De onde veio a água da enchente que atingiu a cidade de Ouro Preto do Oeste? Entenda

A água atravessou a RO-470, seguiu pelo Bairro Alvorada e cruzou a RO novamente na Marechal Candido Rondon, onde o bueiro foi arrancado.

Edmilson Rodrigues - A enchente provocada pela tempestade que desabou em Ouro Preto do Oeste (RO) nesta segunda-feira (14) foi causada unicamente pelo volume de água que caiu do céu, e o agravamento foi em consequência da quantidade de chuvas que foram registradas no município nos quatro dias anteriores.

A sequência de estampidos de descargas elétricas e trovões que precederam a tempestade foi o sinal de que o fenômeno da natureza seria algo além do normal. Na área rural, no entorno dos morros habitados, houve pessoas que entraram em desespero, e se acomodaram dentro do banheiro.   

No morro mais alto à margem direita (sentido a Vale do Paraíso) da RO-470, que fica ao lado do lixão à céu aberto, caiu tanta água que um deslizamento provocou uma vala em meio a vegetação, parece um “carreador” do cume até quase na encosta - Foto que ilustra a capa.    

MORADORES RELATARAM QUE A RO-470 NO TRECHO POR ONDE A ENXURRADA ATRAVESSOU FICOU TOTALMENTE COBERTA PELA ÁGUA 

Não houve estouro de represas, houve transbordo por causa da quantidade de água que veio dos morros do vale que fica atrás da Reserva do Inpa. Caso essa tempestade estourasse represas seria uma tragédia sem proporções, e se esse fenômeno ocorresse à noite ou durante a madrugada o cenário poderia ser de uma catástrofe, com mais vítimas materiais e fatais.

A represa que fica localiada nos fundos da fazenda do Laticínio Três Marias, que é maior que todas as outras somadas, sequer transbordou. Caso estourasse a represa do laticínio, o alagamento na BR seria na rotatória de acesso ao Parque Amazonas, onde há uma galeria de um riacho, e não no centro.

REPRESA DO LATICÍNIO É ENORME, CASO ESTOURASSE COBRIRIA DE ÁGUA A BR-364 EM FRENTE A ENTRADA DO PARQUE AMAZONAS

Em comunicado, a direção da empresa informou que a represa já tinha duas tulipas - vertedouros, ou “ladrão” no linguajar popular. “Construímos um terceiro vertedouro e não houve alteração no volume de água”, informou a direção do laticínio.   

Para se ter uma noção da quantidade de água que desabou na cidade, uma das chuvas duradouras ocorreu a partir de 1 hora da madrugada do último sábado e se estendeu durante o dia, tal qual ocorria nos dias anteriores.

Toda a água que passou pelo bueiro arrancado e arrastado pela forte corredeira na Avenida Marechal Candido Rondon, antes cruzou a RO-470 (linha 200) 2,5 Km adiante, no trecho rural a pista ficou coberta de água dos dois lados, e intransitável.

Esse volume de água se juntou a enxurrada de água dos morros da margem esquerda da rodovia, desceu pelas chácaras, transbordou represas e voltou pelo canal do riacho, cruzando novamente a pista de acesso a Vale do Paraíso.

Mais à frente, o volume de água destruiu casas, arrastou Zoraide Annett, de 43 anos, moradora vítima fatal dessa tragédia, e a enxurrada seguiu e estancou na galeria e bueiros às margens da BR-364.

“A gente viu a água, muita água, comecei até ficar preocupada por causa dos morros. Nós vimos gansos nadando na pista da linha 200", relatou a senhora Cleuzeni Dias Prates, que há 43 anos reside na comunidade de chacareiros e sitiantes do vale atrás da reserva do Inpa. 

Do outro lado, o cenário foi ainda mais devastador nos cruzamentos do igarapé com as ruas 7 de Setembro, Ana Nery e na Rua dos Seringueiros. Moradores se arriscaram dentro de suas casas tentando salvar seus pertences, não havia barco ou bote para auxiliá-los. Amigos e moradores vizinhos ajudaram, mas não havia muito o que ser feito, em determinados pontos do alagamento.  

No canal da Capitão Sílvio Gonçalves de Farias não houve alteração a ponto de a água invadir a pista porque o maior volume de água foi produzido do outro lado da cidade. Ainda assim, houve moradores no curso do igarapé Ouro Preto, nas imediações da Praça da Liberdade, que perderam praticamente tudo dentro de casa.   

Fonte: www.correiocentralro.com.br

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